Tic, tac. Tic, tac. Tic, tac. Tic, tac.
Dou outra vista demorada e melancólica ao pequeno relógio dourado que escorrega no meu fino pulso. A falta de claridade obriga-me a levar novamente os olhos aos pequenos ponteiros pacientes.
O quarto está caótico. Passo por cima de castelos de livros de capa dura que me magoam os pés frios e descalços; desvio a roupa vagarosamente até ter acesso ao ninho de lenços de papel a que costumo chamar cama.
Tic, tac, tic. Tic, tac, tic.
Talvez tenha adormecido durante uns escassos minutos e apercebo-me que o monstro de lenços de papel se aconchegou do meu lado. Com esforço, pressiono um botão perdido no meio dos lençóis e acendo o trémulo candeeiro.
Ainda demoras?
Tic, tac, tic, tac.
Ainda demoras?
Pós de Estrela
segunda-feira, 13 de maio de 2013
domingo, 28 de abril de 2013
quinta-feira, 11 de abril de 2013
Tentamos incessantemente conter a substância que nos diferencia do resto do mundo. Tão incessantemente que nos esquecemos de ser nós próprios, contrariando qualquer tipo de reação natural e pessoal. Tão incessantemente que nos esquecemos que somos todos feitos da mesma matéria, exatamente do mesmo agregado de átomos vis, do mesmo sangue fogoso e atroz, da mesma carne esfomeada, do mesmo coração apático, da mesma alma hipócrita e falsa....
Da mesma maneira que as aves voam, os humanos mentem. Da mesma maneira que os peixes nadam, os humanos cobiçam. Da mesma maneira que as cobras rastejam, os humanos traem. Não é mais que a Mãe Natureza agindo conforme o seu dever.
Durante longos e longos anos, a espécie humana - a modestamente auto-nomeada espécie racional - tentou contrariar e provar recorrendo a inúmeros argumentos imbecis que a essência que segregamos é pura, bondosa, doce... Enquanto que eu, confortavelmente sentada, observo esse amontoado de gente idiota, cansada de contrariar aquilo que a natureza desenhou para nós próprios.
Da mesma maneira que as aves voam, os humanos mentem. Da mesma maneira que os peixes nadam, os humanos cobiçam. Da mesma maneira que as cobras rastejam, os humanos traem. Não é mais que a Mãe Natureza agindo conforme o seu dever.
Durante longos e longos anos, a espécie humana - a modestamente auto-nomeada espécie racional - tentou contrariar e provar recorrendo a inúmeros argumentos imbecis que a essência que segregamos é pura, bondosa, doce... Enquanto que eu, confortavelmente sentada, observo esse amontoado de gente idiota, cansada de contrariar aquilo que a natureza desenhou para nós próprios.
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